quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O que estamos deixando pro futuro?


Na prova de redação do ITA, de 2009, foi colocada a charge acima. A minha escola, coincidentemente, nos propôs essa charge em uma prova de redação meses antes, com o seguinte tema:

"Quando deixaremos de pensar no mundo que deixaremos para nossos filhos e passaremos a pensar nos filhos que deixaremos pro mundo?"

A abordagem é muito relevante, e fiquei pensando sobre o assunto. As preocupações de hoje fingem ser sobre o meio-ambiente. É, não são. Quando falamos do fim do mundo estamos, egocentricamente, falando do fim da espécie humana.

Não há preocupação alguma com o planeta: há preocupação conosco. Volta então o questionamento: que pessoas deixaremos pro mundo?

O mundo de hoje é selvagem, capitalista, e todos são criados pra dar rasteiras nos outros assim que for possível, necessário e conveniente. É um mundo em que as crianças/adolescentes atuais já têm atitudes totalmente opostas à cidadania, ao respeito. É um mundo em que o "Eu sou importante e o resto que se exploda" é a mentalidade predominante. Um lugar em que o mal é vangloriado e o bem é punido.

O que estamos fazendo de bom com nossa vida? O que estamos fazendo por nós, humanos, como coletivo, sociedade? Quando conseguiremos acabar com esse egocentrismo doentio? Quem sabe um dia...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Cidadania


                Certa vez estava na casa de um amigo. Ele estava jogando baralho online com outras três pessoas, e estávamos esperando uma tia dele chegar para nos levar ao centro espírita que frequentamos. Ela chegou e ele, no meio do jogo, fechou a janela. Chamei a sua atenção:

                _Como que você sai desse jeito? Nem avisou pras outras pessoas que tinha que sair!
                _Cara, é só um jogo! Não tem importância nenhuma!
                _Claro que tem! Você estava interagindo com três pessoas que, agora, tiveram que parar o jogo pra começar outro, com outra pessoa. Você estragou a diversão delas!
                _Ih, deixa de ser chato. Tô nem aí pra elas, nem conheço.

                Fiquei observando-o no centro, aquele dia. Rezando, entrando nos debates, falando sobre coisas boas. Fiquei pensando... De que será que adianta ir a um local religioso, de qualquer religião, e só dentro daquele local fazer o bem? De que adianta não aplicar nada daquilo na vida prática?

                Prestei vestibular na UFG em junho de 2009, pra treinar. Uma das questões da prova de biologia da segunda fase pedia para dar dois exemplos de coisas que poderiam, segundo o código internacional de cores da reciclagem, estar em latas de lixo azuis, amarelas, verdes, vermelhas e marrons. Fiz a questão rindo, impressionado que tivesse caído algo tão fácil na prova. O que me surpreendeu foi a repercussão da questão: altíssimos índices de erro. Eu estava na porta esperando minha mãe chegar e ouvindo o pessoal comentar: “verde é plástico, né?”. Tive uma discussão com um professor, que afirmava que a questão tinha que ser anulada. As pessoas preferem responder uma questão sobre nome e função de vinte enzimas a mostrar que podem ser cidadãs.

                É tão difícil assim se preocupar com o próximo? Tenho medo de pensar no número de pessoas que não está nem aí para a humanidade. Quantas seriam? 20%? Pouco... 40%? Ainda ta pouco... 80%? Assustador, mas ainda não ta legal... 99%? Pessimista, mas quem sabe, não é mesmo? Melhor não pensar nisso...

domingo, 2 de janeiro de 2011

Mudanças...

Um ano e meio atrás eu estava conversando com um amigo meu pelo MSN. Ele falava de uma garota que estava dando umas indiretas nele, e me mandou o registro da conversa pra eu “analisar”. Fiquei surpreso e logo mudei de assunto:

_Você guarda os registros?!
_Guardo.
_Manda o meu?

Ele mandou. Fiquei muito surpreso com o que vi. Era um log de 2004, sim, anos atrás. Anos que não são nada se comparados aos setenta que eu (acho que) vou viver. E o que vi foi uma pessoa completamente diferente da que sou hoje. Me vi pivetinho, com 11 anos. Completamente imaturo. Com filosofias ultrapassadas. Xingando bem mais que o necessário (sim, pois xingar é necessário). Vi que era muito chato. Vi que mandava links de cinco em cinco minutos pra ele e ficava perguntando "Já viu? Já viu?". Vi que nossas conversas se resumiam a falar palavrão, falar de anime, falar de besteira e falar mal de uma professora de história da qual nunca gostamos.

Não pude conter as lágrimas em determinadas passagens. Algumas horríveis, comigo falando coisas horríveis. Outras fantásticas. Me vi combinando de ir a determinados lugares, dias de planejamento. Me via comentando depois como tinha sido. Fiquei muito emocionado.

Esse meu amigo me disse que guarda os registros porque são muito mais fiéis aos fatos que nossa memória imperfeita. Já tem um ano e meio e, desde então, guardo os registros de conversação, para que possa olhar pra eles daqui a uns anos e ver como tudo mudou. Eu mudei muito, e ainda mudarei. Fica aí o relato da minha experiência. Sugiro que você, que está lendo, faça o mesmo, pois vale muito a pena.