Fiz esse texto numa redação de escola no ano passado. Vi algumas discussões sobre o assunto alguns dias atrás e desenterrei a redação. Acho que expliquei bem o meu ponto de vista, por isso vou colocá-la aqui.
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Imagine uma criança de seis anos sozinha na sala de casa. Curiosa, ela pega uma chave-de-fenda do pai numa gaveta e começa a tirar os parafusos de uma tomada. Nesse instante, chega seu pai. Agora, imagine dois desfechos para essa história: no primeiro, o pai grita com a criança e dá nela algumas palmadas; já no segundo, ele a chama e a explica o quanto é perigoso mexer com uma tomada, fazendo a criança jurar que nunca mais fará aquilo. O que essa criança aprendeu em cada caso?
Segundo a pesquisa Datafolha, em julho de 2010, o desfecho dessa história em 58% dos lares brasileiros seria o primeiro. A cultura de “educar” através de castigos corporais data de antes de inventarem as datas, e é muito aceita no Brasil. Por isso, quando o projeto de lei que proíbe esse método chegou ao Congresso Nacional, houve discussão e polêmica em todo o país.
Os seguidores desse método alegam que ele faz com que a criança aprenda a ter limites e a respeitar os pais. Curiosamente, a pesquisa Datafolha revela que, embora 72% dos entrevistados tenham apanhado dos pais na infância, apenas 58% repetem o tratamento com seus filhos. Isso quer dizer que nem todas as vítimas da palmada consideram que ela lhes fez bem, e se recusam a passar o método adiante.
Algumas pesquisas comportamentais, como a da Universidade de Tulane, nos Estados Unidos, descobriram que crianças que apanham dos pais tendem a se tornar mais violentas. O motivo é simples: voltemos à criança de nossa história. O que ela aprendeu no primeiro caso é que o mais forte pode e deve subjugar o mais fraco sem dar explicações, e que não há nada de errado com mexer na tomada, desde que o pai não descubra que isso aconteceu.
É por isso que há redes como a “Não bata, eduque”, que dão apoio ao projeto de lei em questão. Há uma oposição entre bater e educar. Agora, voltemos ao segundo desfecho: a criança cria com o pai uma relação de amor, e não de terror (os defensores da “palmadinha” usam frequentemente o eufemismo “respeito” no lugar de “terror”). Dessa vez, a criança foi educada. Entende o porquê de ser perigoso brincar com a tomada e tem no pai um confidente, alguém para quem fazer perguntas sem medo.
A “lei da palmadinha” enfrenta oposição de um grande número de pessoas. São brasileiros que não sabem o que é educar, impõem o terror nos filhos, permitem que eles aprendam tudo fora de casa e se revoltam ao vê-los rebeldes, desobedecendo aos pais às escondidas. “Onde foi que eu errei?”. Sem encontrar a resposta, os opositores da lei erram novamente ao permitir a propagação do erro...
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Nem tudo é homofobia...
Sou homossexual e tenho acompanhado as discussões sobre o PLC 122, a lei que criminaliza a homofobia, pois o assunto me interessa bastante (obviamente). Com a aprovação do projeto, torna-se crime cometer atos de preconceito contra pessoas LGBT, justamente o contrário do que ocorre atualmente, em que o preconceito é amplamente estimulado por várias pessoas e, principalmente, pela televisão.
O discurso de quem é contra o projeto normalmente aborda o fato de que pode haver abuso na lei. Sou obrigado a concordar. Já presenciei muitos absurdos nesse sentido, em comunidades sobre o assunto no Orkut, o que me deu vontade de fazer esse texto.
Ano passado, na época das eleições, passei por dois episódios. Vi, num tópico, uma notícia sobre uma travesti que foi votar toda vestida de mulher, e foi barrada pelo mesário. O que mais tinha no tópico era gente amaldiçoando o mesário, falando que era preconceito. Não me contive e postei dizendo que a função do mesário é ter certeza de que a pessoa que está votando é a portadora do documento, para que ela só vote uma vez e seja feita a democracia. O mesário se viu diante de uma pessoa que não tinha nada a ver com a foto no documento, e não fez mais que sua obrigação em impedi-la de votar. A partir daí, as maldições foram mais pra mim que pro pobre mesário.
Em outro tópico, dizia-se que o vice de José Serra declarou que não apoiaria os direitos dos homossexuais. Claro, milhões de maldições ao Serra. Também postei lá, dizendo que fiquei chateado de saber isso mas que mesmo assim votaria nele, pois o achava o melhor candidato. Ser gay é uma das minhas características, não quem eu sou. Me preocupo também com a economia, com política, com a sociedade. Aí começaram a me xingar pesado... Fui chamado até de homofóbico (hein?). No dia seguinte entrei no Orkut e vi que tinha sido expulso da comunidade.
Recentemente, vi outro tópico (mesmo expulso ainda dá pra ler). "Banda Restart declara: não somos gays". Nova enxurrada de reclamações. Basicamente, os membros da comunidade diziam que a banda depreciou os gays ao dizer isso, porque ficou parecendo que estavam negando um crime. Eu já vejo de outra forma... O Brasil inteiro tá perguntando pra banda sobre isso. Eles responderam, e daí? Eu postaria isso, se não tivesse sido banido.
Sou inteiramente a favor da aprovação do PLC 122, pois tenho certeza de que os prós superarão em muito os contras. Só espero, porém, que nós homossexuais amadureçamos nossa ideia de homofobia, para que não sejam feitas acusações injustas. Homofobia é agressão física ou verbal. É depreciação. É expulsar ou excluir. É coibir demonstrações de afeto.
Com os direitos vêm os deveres. Espero que nós, gays, saibamos lidar com os deveres, para merecermos os direitos que tanto desejamos.
O discurso de quem é contra o projeto normalmente aborda o fato de que pode haver abuso na lei. Sou obrigado a concordar. Já presenciei muitos absurdos nesse sentido, em comunidades sobre o assunto no Orkut, o que me deu vontade de fazer esse texto.
Ano passado, na época das eleições, passei por dois episódios. Vi, num tópico, uma notícia sobre uma travesti que foi votar toda vestida de mulher, e foi barrada pelo mesário. O que mais tinha no tópico era gente amaldiçoando o mesário, falando que era preconceito. Não me contive e postei dizendo que a função do mesário é ter certeza de que a pessoa que está votando é a portadora do documento, para que ela só vote uma vez e seja feita a democracia. O mesário se viu diante de uma pessoa que não tinha nada a ver com a foto no documento, e não fez mais que sua obrigação em impedi-la de votar. A partir daí, as maldições foram mais pra mim que pro pobre mesário.
Em outro tópico, dizia-se que o vice de José Serra declarou que não apoiaria os direitos dos homossexuais. Claro, milhões de maldições ao Serra. Também postei lá, dizendo que fiquei chateado de saber isso mas que mesmo assim votaria nele, pois o achava o melhor candidato. Ser gay é uma das minhas características, não quem eu sou. Me preocupo também com a economia, com política, com a sociedade. Aí começaram a me xingar pesado... Fui chamado até de homofóbico (hein?). No dia seguinte entrei no Orkut e vi que tinha sido expulso da comunidade.
Recentemente, vi outro tópico (mesmo expulso ainda dá pra ler). "Banda Restart declara: não somos gays". Nova enxurrada de reclamações. Basicamente, os membros da comunidade diziam que a banda depreciou os gays ao dizer isso, porque ficou parecendo que estavam negando um crime. Eu já vejo de outra forma... O Brasil inteiro tá perguntando pra banda sobre isso. Eles responderam, e daí? Eu postaria isso, se não tivesse sido banido.
Sou inteiramente a favor da aprovação do PLC 122, pois tenho certeza de que os prós superarão em muito os contras. Só espero, porém, que nós homossexuais amadureçamos nossa ideia de homofobia, para que não sejam feitas acusações injustas. Homofobia é agressão física ou verbal. É depreciação. É expulsar ou excluir. É coibir demonstrações de afeto.
Com os direitos vêm os deveres. Espero que nós, gays, saibamos lidar com os deveres, para merecermos os direitos que tanto desejamos.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Músicas de qualidade
Músicas de qualidade
Tenho medo de estar me tornando uma pessoa que jurei que nunca ia me tornar: uma daquelas que falam “no meu tempo era melhor”. E olha que eu só tenho 18 anos. Parei de ouvir músicas no rádio porque acho que o que temos hoje, em geral, são músicas de péssima qualidade. Tenho saudades da época em que ligava o rádio e ouvia Red Hot Chili Peppers. Hoje é só Restart, Justin Bieber e Lady Gaga.
Claro que alguém vai dizer que gosto não se discute, que os tempos mudaram (18 anos e me sentindo um velho...), e que é preconceito meu falar que essas músicas não têm qualidade. Vou tentar, com toda a humildade, provar meu ponto de vista. Não sou nenhum especialista no assunto, então me desculpem qualquer erro.
Primeiro, alguns conceitos. Para mim, há três coisas importantes numa música: a parte instrumental, a estrutura da letra e a mensagem da letra. Se essas três coisas forem devidamente trabalhadas e coerentes umas com as outras, a música deixa de ser somente ouvida: passa a ser também sentida.
A parte instrumental tem um papel crucial na qualidade da música, e muitas vezes é pouco trabalhada. Essa parte indica o ritmo da letra e as emoções que estão sendo passadas. A parte instrumental é o que conecta o ouvinte à música pela alma, fazendo os dois “vibrarem na mesma frequência”.
O coração do ouvinte praticamente bate junto com os instrumentos e, assim, o ouvinte fica preparado para ouvir e interpretar a letra, pois ele está na “sintonia” em que a banda pretende que ele esteja. Em muitas músicas atuais a instrumentação é puro enfeite. Faz-se uma batida genérica que não muda durante toda a música (e é cansativa pra caramba...) ou coloca-se uma melodia que não condiz com a mensagem da letra, o que deixa a experiência musical toda confusa.
Para exemplificar, vou pegar duas músicas: “Just dance” e “Just dance”. Não, você não está vendo dobrado. Vou comparar uma música com ela mesma. A diferença é que uma é a versão original, da Lady Gaga (http://www.youtube.com/watch?v=2Abk1jAONjw), e a outra é um cover da banda Vanilla Sky (http://www.youtube.com/watch?v=xOeHeDgi4Qo). A estrutura e a mensagem da letra são rigorosamente as mesmas em ambas as músicas, evidente. A diferença é bem clara: na versão original a instrumentação não acompanha a letra. A letra é super animada, a instrumentação + entonação da cantora são quase neutros e o ritmo é o mesmo do começo ao fim, o que deixa a música extremamente estranha e cansativa.
A banda Vanilla Sky, a meu ver, consertou essa música. A instrumentação + entonação da banda são tão animadas e coerentes com a letra que eu sou incapaz de ouvir essa música sem dançar sentado na cadeira. Graças a essa coesão a música de Vanilla Sky é muito ouvida e muito sentida, sendo que a da Lady Gaga é muito mais ouvida que sentida. Por isso, acredito que o cover tenha qualidade muito superior à da música original.
(continua...)
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