quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Como (não) educar uma criança

Fiz esse texto numa redação de escola no ano passado. Vi algumas discussões sobre o assunto alguns dias atrás e desenterrei a redação. Acho que expliquei bem o meu ponto de vista, por isso vou colocá-la aqui.

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Imagine uma criança de seis anos sozinha na sala de casa. Curiosa, ela pega uma chave-de-fenda do pai numa gaveta e começa a tirar os parafusos de uma tomada. Nesse instante, chega seu pai. Agora, imagine dois desfechos para essa história: no primeiro, o pai grita com a criança e dá nela algumas palmadas; já no segundo, ele a chama e a explica o quanto é perigoso mexer com uma tomada, fazendo a criança jurar que nunca mais fará aquilo. O que essa criança aprendeu em cada caso?


Segundo a pesquisa Datafolha, em julho de 2010, o desfecho dessa história em 58% dos lares brasileiros seria o primeiro. A cultura de “educar” através de castigos corporais data de antes de inventarem as datas, e é muito aceita no Brasil. Por isso, quando o projeto de lei que proíbe esse método chegou ao Congresso Nacional, houve discussão e polêmica em todo o país.

Os seguidores desse método alegam que ele faz com que a criança aprenda a ter limites e a respeitar os pais. Curiosamente, a pesquisa Datafolha revela que, embora 72% dos entrevistados tenham apanhado dos pais na infância, apenas 58% repetem o tratamento com seus filhos. Isso quer dizer que nem todas as vítimas da palmada consideram que ela lhes fez bem, e se recusam a passar o método adiante.

Algumas pesquisas comportamentais, como a da Universidade de Tulane, nos Estados Unidos, descobriram que crianças que apanham dos pais tendem a se tornar mais violentas. O motivo é simples: voltemos à criança de nossa história. O que ela aprendeu no primeiro caso é que o mais forte pode e deve subjugar o mais fraco sem dar explicações, e que não há nada de errado com mexer na tomada, desde que o pai não descubra que isso aconteceu.

É por isso que há redes como a “Não bata, eduque”, que dão apoio ao projeto de lei em questão. Há uma oposição entre bater e educar. Agora, voltemos ao segundo desfecho: a criança cria com o pai uma relação de amor, e não de terror (os defensores da “palmadinha” usam frequentemente o eufemismo “respeito” no lugar de “terror”). Dessa vez, a criança foi educada. Entende o porquê de ser perigoso brincar com a tomada e tem no pai um confidente, alguém para quem fazer perguntas sem medo.

A “lei da palmadinha” enfrenta oposição de um grande número de pessoas. São brasileiros que não sabem o que é educar, impõem o terror nos filhos, permitem que eles aprendam tudo fora de casa e se revoltam ao vê-los rebeldes, desobedecendo aos pais às escondidas. “Onde foi que eu errei?”. Sem encontrar a resposta, os opositores da lei erram novamente ao permitir a propagação do erro...

9 comentários:

  1. Hmn, assunto polêmico!
    Eu acredito que converçar é sempre melhor, assim, a criança vai crescer com uma mente mais desenvolvida. Os castigos fisicos não fazem pensar tanto quanto palavras
    Castigos fisicos dão pensamentos e converças ensinam a pensar!

    Abraços e boa semana.

    www.aliradeorfeu.blogspot.com

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  2. Muitas vezes, coisas mínimas fazem toda a diferença. Achei super interessante o seu texto sobre a educação das crianças, e convenhamos, violência gera violência, embora isso seja clichê, continua sendo verdade.

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  3. Olha, é um assunto pra lá de polêmico. Tenho um exemplo pessoal. Minhã mãe apanhou muito e muito. Cresceu triste, infeliz e muito revoltada. Quando eu nasci, minha mãe me contou que olhou para as minhas mãos e prometeu que nunca ninguém me bateria.

    Minha mãe me bateu umas duas vezes só, porém eu apanhei dela, levei surras de palavras. Minha mãe, quando eu fazia algo que ela não gostava, me agredia verbalmente de tudo qto era forma.

    A violência verbal tb prejudica o desenvolvimento da criança. Minha mãe não é minha amiga. temos um distanciamento imenso. Eu a respeito, nunca levantei a voz pra minha mãe, mas nossa relação é assim. Mãe e filha, sem aquela relação de amizade, infelizmente e lamento por isso.

    Hoje em dia, não vejo a hora de ter minha família, pois quero que meu filhos sejam educados, porém meus amigos também.

    Felicidades!

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  4. Meu caro,

    COncordo com meus colegas de que este assunto é realmente muito polêmico. Todavia, antes de mais nada, quero parabenizar a sua escrita!
    Agora, adentrando o assunto, explicarei o porquê do assunto ser polêmico: De um lado está aquele antigo método de que fui, e tenho certeza, alguns brasileiros também, criada, que é o da famosa palmadinha, e de outro o que os pais sempre conversaram, explicaram, etc e tal.

    Acho que depende muito da personalidade da criança. Algumas crianças são tão teimosas, mas tão teimosas, que uma conversinha básica com o pai, não vai adiantar de nada. O pai faz o certo, mas como consequência, ganha uma cambada de pirraças sequentes, quando o mesmo negar algo a ele.

    Agora se for uma criança tranquila, que ouve o pai, são outros quinhentos, como diz minha mãe.

    Enfim, é um assunto extenso, que daria uma mesa redonda, digamos assim.

    ADorei seu blog!

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  5. Eu sou a favor da lei... Acho que a educação ocorre no diálogo...

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  6. Primeiro, a maneira como você escreve, sendo um texto escolar é muito parecida com a minha, e por isso fiquei praticamente boquiaberta por isso, adoro argumentar muito bem e apresentar porcentagens e dados, acho que o texto fica muito mais com um ar de experiente assim.
    Segundo, sem duvidas o assunto é muito polemico, eu nunca apanhei e nunca fiquei de castigo, e nao sou a favor das palmadas, ja do castiguinho eu acho que nao sendo violencia, é um tanto correto é uma maneira de educar em que a criança vai aprender com mais facilidade, acredito eu, e me arrependo de nao ter ficado de castigo, esses dias mesmo falei pra minha mae aplicar uns caastigos em mim, hm' asçdkçasldk parece loucura, mas acredito que daria certo, pra mim aprender a respeitar certos limites, que ultrapasso muitas vzs.

    Bom, adorei o blog, o texto, a maneira como escreve (mesmo sendo parecida com a minha ahah) e estou seguindo o blog, se puder da uma passadinha no posdezesseis.blogspot.com.

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  7. eu sou totalmente contra a violencia... bater em uma pessoa é ridiculo... bater numa criança é desumano... eu nunca apanhei de meus pais e hj sou um homem correto


    www.ouvindoparalamas.blogspot.com
    .
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  8. Uau! Quando vi o post cheio de letrinhas, quase fechei a página, mas ai li o primeiro parágrafo, deu vontade de ler o segundo... quando eu vi larguei todas as outras abas e foquei nessa a ponto de ter vontade de escrever um comentário. Não estou apenas retribuindo o comentário que você fez no meu blog. Eu realmente quis comentar aqui. Você chamou a minha atenção como poucos blogs conseguem fazer por ai. Eu nunca tinha pensando sobre como educar uma criança, e nunca tinha visto nada de errado com a palmadinha, eu fui criada assim e na base de torturas psicológicas [hihi]. Mas lendo seu post, concordo totalmente com você. Quando você bate numa criança ela tem medo, e não sabe o porque está apanhando, e quando chega adolescência ela se rebela. Agora quando você explica, tudo toma um rumo diferente, vocês estreitam os laços e caramba! nunca tinha pensando nisso :) Adorei ler sobre isso. Vou até seguir, pra numa oportunidade futura ler os outros post. Beijos

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